O Ministério Público, por meio da Promotoria da Cidadania de Macapá,
realizou visita de inspeção no Hospital da Mulher “Mãe Luzia” e
constatou diversas irregularidades. Dentre as mais graves, está a falta de leitos e medicamentos.
A inspeção aconteceu imediatamente após denúncia de funcionários do
Hospital de que mães estariam em condições indevidas nas salas de pré e
pós-parto. “Viemos até o hospital comprovar as denúncias e tomarmos
providências judiciais, para que, imediatamente, em ação cautelar, seja
minimizado o problema”, ressaltou o promotor de Justiça Pedro Leite.
Além das condições irregulares em que se encontram as mães e os
recém-nascidos, enfermeiros e médicos relataram que, mesmo sem estrutura
adequada e material básico para cirurgias e intervenções simples e
cesariana, continuam realizando os procedimentos. “A situação é
gravíssima, não temos medicamentos necessários para fazer cirurgias, nem
a substância adequada para assepsia. Não estamos podendo fazer
curetagem, algumas grávidas permanecem com o bebê morto no útero porque
não temos a medicação. E nós temos que conviver com isso, não podemos
virar as costas e deixar de atender o paciente. Continuarei fazendo o
que posso fazer”, relatou o médico Amilton Rodrigues Lins.
“Rotineiramente, vivemos em situação de calamidade e esta situação já
foi informada às autoridades competentes e já faz quase dois anos, nada
mudou”, completou Lins.
Na maternidade, de acordo com informações dos funcionários, os leitos
estão divididos. No pré-parto, são 8 com 16 gestantes, que, por vezes,
acabam dividindo o mesmo leito. O berçário enfrenta os mesmos problemas
estruturais e de medicamentos.
“A demanda apenas cresce, tumultuando cada vez mais o atendimento.
Nossa população triplicou e o hospital não tem para onde expandir.
Estamos aguardando a readequação da estrutura do hospital para tentar
amenizar este quadro”, acentuou a enfermeira Catarina de Nazaré
Oliveira.
A administração do hospital informou ao promotor de Justiça que serão
criadas novas enfermarias, e que serão retirados alguns setores
administrativos para obterem espaço. A proposta já tem a aprovação e
será contratada uma empresa em caráter de urgência para iniciar as
obras.
“É degradante e desumano o que vimos. Mães com crianças
recém-nascidas, muitas vezes duas mães dividindo o mesmo leito. O
Ministério Público não fica de olhos fechados. Temos uma Ação Civil
Pública tramitando na 2ª Vara Federal de Macapá, que será complementada
com o ingresso de uma ação cautelar em que será requisitada a interdição
para que o governo adote as providências imediatas que o caso requer,
dentro de prazos a serem estabelecidos pelo juízo”, disse Pedro Leite.
Ação contínua da Promotoria da Cidadania
O Ministério Público havia instaurado inquérito civil público para a
implementação das políticas do Sistema Único de Saúde na Maternidade Mãe
Luzia. O inquérito transita desde 2007. A Promotoria da Cidadania
decidiu arquivar o inquérito e remeter cópia integral para a juntada na
Ação Civil Pública, além de ter instaurado um processo administrativo
para acompanhar o andamento das requisições do MP-AP como implementação
de políticas e programas adequados para regularizar o funcionamento do
Hospital.
–
Assessoria de Comunicação do Ministério Público do Estado do Amapá
Assessoria de Comunicação do Ministério Público do Estado do Amapá
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