No meio da campanha eleitoral do segundo turno, o PSOL do Ceará emitiu uma nota furiosa protestando contra as “alianças”
do mesmo PSOL, no Amapá. Intitulado, “Em nosso nome, não”, o protesto
fazia referência aos apoios manifestados pelo PTB, através do vereador
eleito, Lucas Barreto, do DEM, pelo deputado federal Davi Alcolumbre, e
do ex-senador tucano Papaléo Paes, à candidatura do professor Clécio
Luiz, do PSOL, à Prefeitura de Macapá.
É absolutamente correto pensar que as “alianças espúrias” apontadas
pelos cearenses não foram estabelecidas “em nome” deles, mas é
rigorosamente certo acreditar que essas alianças foram feitas com
objetivos nobres, em nome de quatrocentos mil habitantes de Macapá. A
decisão do comando do PSOL no Amapá rompeu com a visão caolha de alguns
partidos brasileiros, que só encontram virtudes nos entornos dos
próprios umbigos, seguindo a velha máxima do “só é crime quando outros
praticam”, ou seja, a base da hipocrisia que alimenta essa mentirada
toda da moralidade exclusiva. A história tem provado essa falsidade.
A eleição que Clécio venceu no domingo não era uma eleição como outra
qualquer. Coube ao PSOL a responsabilidade de comandar o que se
esperava ser a última tentativa de erradicar do controle do poder no
Amapá, um grupo político poderoso, com muito dinheiro para a compra de
votos, pronto para ganhar mais uma eleição da forma condenável como
sempre ganhou. Era o momento de juntar todas as forças capazes de ajudar
na busca desse objetivo. E por que não Lucas, Davi, Papaléo e Jorge
Amanajás? Todos eles tinham pleno conhecimento do que o PSOL e seus
aliados pretendiam para o município de Macapá, e se ofereceram apoio era
porque concordavam com eles, então eram alianças positivas. E sendo
assim, seria justo negar a concretização dessas alianças limpas, porque
alguém acredita que seu partido é uma ilha de inocentes cercada
exclusivamente por bandidos? E se fosse você, deixaria de fazer as
alianças, colocando em risco a qualidade de vida dos quatrocentos e
vinte mil habitantes de Macapá?
No final desta etapa da vida amapaense, Clécio venceu uma eleição
muito difícil, e deu mais um empurrão no grupo que se autodenominou de
“harmonia”, na direção da porta dos fundos da história, por onde,
espera-se, seus integrantes nunca mais voltem a entrar. (Antonio Corrêa
Neto)
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