Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical é único no Brasil e tem 60 alunos de mestrado e doutorado.
O Programa de Pós-Gradução em Biodiversidade Tropical (PPGBio) forma
nesta semana mais dois doutores no Amapá. As defesas acontecem nesta
quinta e sexta (12 e 13 de abril) na Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP), com a defesa dos alunos Leidiane Leão de Oliveria e Daniel
Gonçalves das Neves. O Programa tem uma contribuição importante na
geração de conhecimento sobre os recursos naturais do estado.
“Eu sempre quis estudar as florestas, desde o mestrado esse é o meu
objeto de estudo”, confessa Leidiane Oliveira. Ela defendeu) a tese de
doutorado “Interações da Estrutura da vegetação com a topografia, solo e
hidrologia na Floresta Nacional do Amapá”. Essa paraense de 30 anos,
formada em meteorologia, estudou no mestrado a Floresta Nacional de
Caxiuanã, no Pará, até quando decidiu ir para o Amapá fazer o doutorado
no PPGBio para estudar a Floresta Nacional do Amapá. Mais conhecida como
Flona do Amapá, esta unidade de conservação é a mais antiga do estado
na categoria de desenvolvimento sustentável e tem mais de 400 mil
hectares. “No doutorado, eu fui verificar a quantidade de biomassa e
qual a contribuição de vapor d’água na atmosfera na Floresta Nacional do
Amapá. O estudo mostrou que 45% da precipitação anual depositada na
floresta é devolvida à atmosfera por vapor d, água, ou seja, como a
gente fala, há uma ciclagem da água. Além disso, foi verificado que há
522 toneladas de biomassa por hectare na floresta. Informações que são
importantes, tanto para a biodiversidade, quanto para o manejo da
floresta, como para o futuro mercado de carbono e vapor d’água”, explica
Leidiane. Hoje ela trabalha como professora na universidade estadual do
Amapá e pretende continuar produzindo ciência no estado.
Para Daniel Neves, as dificuldades de infra-estrutura, acesso à
internet, ainda comuns no Amapá foram um desafio a mais para a conclusão
da tese “Influencia da vegetação na precipitação pluvimetrica sazonal
do estado do Amapá: Um estudo de sensibilidade climática”. “Eu propus
uma atualização no modelo de previsão climática, chamado de REGCM3 (em
inglês, modelo climático regional), usando diferentes tipos de vegetação
para o Amapá, ou seja, calibrar esse modelo de maneira mais atualizada
para o estado. A complexidade do estudo exigia muito acesso a Internet,
uso de computadores específicos, dificuldades a mais no Amapá”, confessa
Daniel. “A partir das pesquisas desenvolvidas na tese, será possível em
breve, começar a se criar cenários futuros de clima para a região, como
será o clima no Amapá daqui a 50 anos, e assim apoiar a construção de
políticas públicas e da gestão da biodiversidade do estado”, afirma
Daniel, que também coordena o Núcleo de Hidrometeorologia e Energias
Renováveis, do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do
Estado do Amapá (IEPA).
Os dois novos doutores fazem parte de um grupo de novos profissionais
que o Amapá tem ganhado nos últimos anos graças ao PPGBIO. Para
Helenilza Cunha, coordenadora do programa, o mais importante é a
contribuição para a formação de recursos humanos no estado. “Os alunos
dos nossos programas tanto de mestrado quanto de doutorado estão se
estabelecendo aqui mesmo no Amapá. Eles estão na área do ensino, em
consultorias, e todos estão empregados”, conclui Helenilza. Até o final
de 2012, vão ocorrer mais cinco defesas de doutorado. Desde 2006, o
programa já teve 60 alunos, entre mestrado e doutorado.
A Conservação Internacional é uma das criadoras do PPGBIO, dentro de
várias ações que vem desenvolvendo no Amapá desde 2003, que vão além da
criação e implementação de unidades de conservação, mas da criação de um
pensamento local para lidar com a biodiversidade do estado. “Além da
geração de conhecimento no estado, os novos doutores poderão contribuir
para a gestão efetiva do rico capital natural do Amapá, gerando
desenvolvimento econômico e social com bases sustentáveis”, afirma
Patrícia Baião, diretora do Programa Amazônia da CI-Brasil.
PPGBIO – O Programa de Pós Graduação em
Biodiversidade Tropical foi criado em 2006 através de uma parceria única
entre a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), a Embrapa Amapá, o
Instituto de Pesquisa do Estado do Amapá (IEPA) e a Conservação
Internacional do Brasil (CI-Brasil). O curso tem como objetivo gerar
conhecimento sobre a biodiversidade amazônica, em especial do Amapá e
contribuir para a gestão efetiva dos recursos naturais criando
capacidade local. As linhas de pesquisa oferecidas são: 1)
Caracterização da biodiversidade; 2) Gestão e conservação da
biodiversidade; e 3) Uso sustentável da biodiversidade.
Para mais informações, contate:
Conservação Internacional
Conservação Internacional
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