Juiz que deveria herdar o caso se declarou impedido porque um de seus
telefones aparecia nos grampos flagrados pela Operação Monte Carlo.
O juiz federal Alderico Rocha Santos, titular da 5.ª Vara Federal da
Seção Judiciária de Goiás, foi confirmado na noite desta terça-feira
como o novo responsável pelas investigações decorrentes da operação
Monte Carlo. Santos substitui o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima,
que pediu afastamento do caso após ter recebido “ameaças veladas”. O
sucessor natural de Lima seria o juiz Leão Aparecido Alves, mas um
aparelho telefônico seu aparece entre os grampos da Polícia Federal.
Na conversa registrada pelas interceptações, o aparelho telefônico de
Alves é utilizado para contato com pessoas ligadas a integrantes da
quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira. O próprio magistrado
disse que o aparelho estava cedido a sua esposa. Ele se declarou
suspeito de atuar nas investigações. Leão Aparecido é amigo da família
de José Olímpio Queiroga Neto, um dos principais auxiliares do bicheiro
no esquema criminoso do bicheiro Cachoeira.
O novo juiz designado para o caso foi o responsável pela decretação
da prisão do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) em 2002 por envolvimento
no escândalo da Sudam. Na época, o parlamentar foi apontado como
responsável pelo desvio de dinheiro da Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para custear um criadouro de rãs. O
montante envolvido na transação seria de R$ 9,6 milhões.
Rocha Santos também já entrou em rota de colisão com o desembargador
federal Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região,
responsável recentemente pelo voto favorável à anulação das escutas
envolvendo a operação Monte Carlo e pelo habeas corpus ao bicheiro
Carlinhos Cachoeira. Na época do escândalo da Sudam, envolvendo
Barbalho, o magistrado do TRF 1 disse que a decisão de prender o
parlamentar tinha sido motivada por critérios midiáticos ou, nas
palavras de Tourinho, “para agradar ao povo”.
A escolha de Alderico Rocha Santos para coordenar as investigações
decorrentes da operação Monte Carlo foi oficializada pelo presidente do
TRF da 1ª Região, desembargador federal Mário César Ribeiro.
—
Laryssa Borges
Laryssa Borges
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