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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Descaso com a vigilância em saúde deixa Macapá à mercê de dengue e malária

Malária no verão e dengue no período chuvoso, esse tem sido o ciclo de doenças vetoriais – com índices em constante crescimento, que afetam a população de Macapá. A falta de estrutura e de condições de trabalho na Coordenadoria de Vigilância em Saúde do Município resulta, por exemplo, num crescimento de 65% de casos de malária e na falta de inspeção preventiva contra a dengue em cerca de 26.530 imóveis da capital em 2012.
Com todo o drama vivido anualmente pela população, o município corre o risco de perder recursos federais para construção do Centro de Controle de Zoonoses, que cuida das ações de prevenção e combate a essas doenças. O valor do convênio é de R$ 600 mil, com contrapartida do município na ordem de R$ 250 mil. O dinheiro está na Caixa Econômica, mas o Ministério Público Federal não aprovou o terreno onde seria erguida a obra, e até o momento a Prefeitura não apontou outra área para execução do convênio.
A malária é uma endemia local inserida no Programa Municipal de controle da Malária – PMCM, que de acordo com o Ministério da Saúde deve realizar quatro ciclos de borrifação – a cada três meses, principalmente nas zonas de alto risco, durante o ano. Os maiores índices se apresentam nas áreas rurais, que requer o deslocamento de servidores para as atividades de diagnóstico, prevenção e educação em saúde.
“O problema é que o setor encontrou dificuldades para a execução das atividades do primeiro ciclo por conta de atrasos na abertura do orçamento anual, na aquisição de insumos e atraso no pagamento das diárias dos servidores”, explica Daniela Pinheiro, da Equipe de Transição. Segundo apurou, para a realização do segundo ciclo foi necessário remanejamento orçamentário, o que comprometeu a realização dos terceiro e quarto ciclos que estão sem perspectivas de cumprimento.
Ao contrario da dengue, a transmissão da malária ocorre em período não chuvoso, onde foram registrados 90% dos casos entre meados de julho a dezembro. Dentre os estados da região Norte, o Amapá foi o que registrou maior aumento no número de casos.
Para combater a dengue, o município conta com o Programa Municipal de Controle da Dengue – PMCD, que tem cadastrados 68 bairros em Macapá, incluindo os perímetros urbano e peri-urbano, totalizando 162.739 domicílios acompanhados pelo programa. Para cuidar de todo esse montante, o PMCD dispõe de 156 agentes de endemias – cada agente tem a responsabilidade de inspecionar de 20 a 25 imóveis por dia. O problema é que esse número de agentes é deficitário, o que compromete a inspeção em pelo menos 26.530.
As atividades são realizadas em ciclos bimestrais através do Levantamento de Índice Rápido – para Aedes aegypti, o LIRA, que tem como objetivo identificar as áreas infestadas, selecionando os bairros críticos, levando em consideração o índice de infestação e a incidência da endemia. Mas, falta apoio logístico e material adequados e em quantidade suficiente para realização do trabalho.
Falta também treinamento e atualização para que os profissionais lidem com o sistema operacional do LIRA, além da ferramenta essencial para o acompanhamento dos índices, áreas e casos, que são os computadores. Sem a alimentação diária do sistema o Ministério da Saúde não tem como acompanhar a realidade da dengue no município, deixando portanto de dar o suporte à altura do problema.
“Há problemas primários que impedem o bom andamento do setor. Falta desde copiadora para o trabalho burocrático interno, até veículos e combustível para o trabalho de campo”, revela Daniela. Outro agravante é o sucateamento dos equipamentos existentes. O Programa possui 19 maquinas de Ultra Baixo Volume (UBV) Costais, que servem para fazer a borrifação do produto químico. Mas, apenas oito estão em uso, as demais estão paradas por falta de manutenção corretiva.

Márcia Corrêa

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